sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Diálogo Dialético

Praticamente todo dia eu vou e volto do meu trabalho pelo mesmo caminho. Há algum tempo observei a primeira transformação significativa nessa placa. Ela foi pintada de branco e escrita JESUS. O sentido claro de alguém religioso tentando deixar sua mensagem na pista para aqueles que, como eu, passam apressadamente todo dia.

Algum tempo depois, alguém acrescentou a palavra em vermelho MORREU, numa clara provocação à pessoa que escreveu a primeira palavra.

Pouco tempo depois, imagino eu que a mesma pessoa que escreveu JESUS escreveu na frente do MORREU a palavra NÃO.

Achei muito interessante todo esse movimento de idéias numa placa de trânsito. Uma placa usada para orientar, usada como sinalização ao público, sendo apropriada pelas pessoas. Alguém que se dá ao trabalho de pintar a placa de branco e desenhar o nome JESUS, desenhar sim, já que as letras foram estilizadas, encaixando-se perfeitamente no tamanho da placa, tem uma necessidade muito grande de expressar seus sentimentos. Gratidão, fé, religiosidade. Por outro lado, ele tem uma resposta no mesmo lugar que usou para deixar seu pensamento. Talvez o segundo personagem dessa história quizesse apenas brincar, ironizar a fé do primeiro. A partir daí o diálogo se estabele entre os dois oponentes, o que possibilita a reação de negação da afirmação (NÃO MORREU), o que é uma reafirmação da mensagem inicial.

O mais interessante de tudo é que a placa continua lá do mesmo jeito. Não houve outras interferências, e o diálogo se mantém aos olhares mais atentos.

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